quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
(81) 1º dia de aula.
Arrumei meus pequenos, coloquei suas roupinhas e sandalinhas, cabelos escovados, mochila nas costas. Tudo pronto! Vamos?
- Peraí mãe, eu não quero ir de sandália!
- Filho não pode ir de chinelinho.
- Eu quero!
- Não pode, se você quiser, coloque o tênis então, mas está muito calor.
- Eu quero o tênis.
Lá vamos nós trocar a sandália por um par bem quente de tênis.
Olha a hora, vamos nos atrasar!
Tudo pronto de novo?
- Sim!
Espera, vou pegar a câmera! Preciso registrar esse momento histórico!
Vamos então.
Elevador devagar...
Vamos filha, anda rápido, estamos em cima da hora.
Vamos filho, olhe pra frente pra você não cair.
- Mãe, meu pé tá doendo, quero tirar o tênis.
- Não pode Bruno, você quis tirar a sandália, agora não tem mais jeito.
Chegamos.
Entramos.
-Vamos Bruno, vamos levar a Aline primeiro na sala dela, que é mais perto.
- Dá um beijo filha.
- Fique com Deus.
- Logo a mãe volta pra te buscar.
- Vamos Bru.
- Dá um beijo filho.
- Fique com Deus.
- Logo a mãe volta pra te buscar.
- Mãe, pode ir no parquinho agora?
- Não Bruno, mas a professora vai te levar assim que der.
- Você pode brincar comigo?
- Não posso filho, mas tem muitos amiguinhos aqui, você vai gostar.
- Tchau filho.
- Tchau.
*pausa pras fotos da sala.
- Mãe, mãe, mãe, você pode trazer uma água geladinha?
- (o coração trincou nessa hora), não posso filho, mas fala com a professora, ela vai te atender.
Ele olhou pros amigos e eu fui embora.
Passei na salinha da Aline pra mais umas fotos.
A professora estava pedindo as pastas de dentes e sabonetes líquidos para guardar. Mas a mochilinha dela estava presa e ela não conseguia abrir.
Felizmente ela olhou pra fora e me viu.
E de longe eu disse:
- Pede ajuda filha.
Então a vi dizendo:
- Quero ajuda!
E a professora não estava ouvindo.
- Quero ajuda!
- Quero ajuda!
E nada.
Ela voltou a olhar pra mim, já com uma carinha de quem não sabia mais o que fazer.
Mais uma vez, de longe eu disse:
- Vá até ela e peça ajuda filha.
E assim ela o fez, foi até o lado da professora e disse:
- Eu preciso de ajuda.
E prontamente a professora foi ajuda-la.
Ela ficou mais tranquila, e aproveitei pra ir embora.
Meu coração ficou lá.
Junto daquele copo dágua geladinho e junto daquela ajuda, que demorou a acontecer.
Aqueles olhinhos...
Aquelas carinhas...
Voltei pra casa, com uma estranha sensação, que me deixou feliz e triste ao mesmo tempo.
Sim, eles vão aprender a voar.
Não, eu não queria!
Sim, isso será ótimo pra eles.
Não, não será pra mim!
Voltei fazendo uma oração e pedindo a Deus que cuide deles.
Senhor, você será meus olhos quando eu não puder vê-los.
Será meus braços quando eu não puder abraça-los.
Será meus beijos quando eles se machucarem.
Entrego em suas mãos os cuidados que você entregou à mim um dia.
Sim, tinha uma lagrima querendo rolar em meu rosto. E de todas as formas segurei-a.
A garganta realmente doía. Doía demais, nunca senti algo assim.
O coração parecia que estava sendo esmagado, tamanha a pressão que eu senti.
Pensei neles e respirei fundo...
Que Deus esteja com vocês pra sempre, meus amores.
Mamãe ama muito vocês.!
Sinto-me orgulhosa, de vocês... e de mim!
Quando voltei para buscá-los, tive a sensação de que não os via por alguns dias... foi uma alegria enorme, que ultrapassou todos os limites da minha felicidade... sim... dever cumprido... e ver aquela carinha gorda, vermelha de sol e cabelinhos grudados no rosto de tanto suor, gritar meu nome com tanta alegria e correr pros meus braços... isso não teve preço, e fez com que aquela lagriminha que tanto tentei segurar, pesasse mais que um elefante... e sim, ela rolou pelo meu rosto... e quando fui buscar minha pequena, ela estava séria, queria ficar mais um pouco... correu pra mim e me abraçou, bem forte.
Pronto! Agora sim... estou completa novamente, junto dos meus pedacinhos de gente... voltamos pra nossa casa...
... e esse, é apenas o começo...
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